Documento mais antigo de Sergipe é escritura de um sítio em Itabaiana
Material está no Arquivo Público de Sergipe, que conserva mais de dois milhões de papéis e fotografias e guarda a história da Emancipação Política do estado, que completa 204 anos nesta segunda-feira, 8 de julho. Documento mais antigo do Arquivo Público de Sergipe é uma escritura de um sítio em Itabaiana
TV Sergipe/reprodução
O documento mais antigo que se há registro em Sergipe é uma escritura de um sítio no município de Itabaiana, datada de 1692, quando o estado ainda pertencia à Bahia. O material está no Arquivo Público do estado conserva mais de dois milhões de papéis e fotografias e guarda a história da Emancipação Política de Sergipe, que completa 204 anos nesta segunda-feira, 8 de julho.
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Registros das primeiras manifestações culturais de Laranjeiras e de livros censurados na Ditadura Militar, como Brefaia, da sergipana Aglaé Fontes, são outros achados do órgão.
“O arquivo público é o local de salvaguarda desses documentos produzidos pela administração pública provincial logo após Sergipe ficar independente da Bahia. Aqui nós temos a materialidade desse processo”, disse a diretora do Arquivo Público, Sayonara Rodrigues do Nascimento Santana.
Arquivo Público guarda memórias e história do estado de Sergipe
Consta ainda no acervo todas as edições do Diário Oficial impressas em Sergipe, desde a primeira edição, em 1895, até o último circulado em formato impresso, em dezembro de 2012.
O Arquivo é aberto ao público, e funciona de segunda a sexta-feira, na Travessa Benjamin Constant, 348, Centro, das 8h às 13h, para consultas, pesquisas e visitação, e das 13h às 17h, para agendamento e visitação.
Saiba mais sobre a Emancipação Política de SE
A Emancipação Política de Sergipe ocorreu em 8 de julho de 1820, quando o rei do Brasil e de Portugal, D. João VI, assinou, no Rio de Janeiro, a Carta Régia que autorizava Sergipe d’El Rey a ter os próprios governantes, emancipando-a da Bahia. A conquista ocorreu como recompensa da Corte Portuguesa à participação sergipana na Revolução Pernambucana, em 1817.
Conflito histórico: a Emancipação foi marcada por contradições e disputas. Após a Revolução Liberal do Porto em agosto de 1820, que exigiu o retorno de D. João VI a Portugal, o brigadeiro Carlos César Burlamarque foi nomeado como primeiro governador de Sergipe em 25 de julho de 1820, dias depois da assinatura da Carta Régia. No entanto, as autoridades baianas não concordaram com as novas diretrizes políticas da Carta Régia e se recusaram a aceitar Burlamarque como governador de Sergipe. Após tomar posse em 20 de fevereiro de 1821, Burlamarque foi deposto um mês depois, em 18 de março de 1821, quando tropas baianas invadiram São Cristóvão, levando-o para Salvador como prisioneiro.
Sergipe amargou o retorno à antiga condição de capitania anexa. Frustrou-se temporariamente a emancipação política, já que também em terras de Sergipe d’El Rey, mantinham-se senhores de engenhos e comerciantes abastados que eram a favor da manutenção da Corte Portuguesa. Em contrapartida, ganhavam corpo por todas as províncias do Sul os movimentos em prol da Independência do Brasil.
Luta pela independência: o cenário era um Brasil dividido entre aqueles que queriam a permanência das regalias da Corte Portuguesa e aqueles que nutriam a vontade de um país independente. De acordo com a pesquisadora e historiadora Edna Maria Matos Antonio, autora do livro ‘A independência do solo que habitamos: poder, autonomia e cultura política na construção do império brasileiro – Sergipe’, o período era de um processo político com várias facetas, e Sergipe não ficaria de fora mesmo que tivesse que desconstruir os vínculos militares, econômicos, até familiares com a Bahia.
À medida que as lideranças no Sul vinham se alinhando para construir uma país independente, a regência de D. Pedro I ia se consolidando, em consequência, desmobilizando a tentativa de união de um Brasil com Portugal. Começaram as alianças políticas, e a participação de Sergipe nesse processo foi fundamental.
Em 7 de setembro de 1822, com o retorno do rei D. João VI para Portugal, e o príncipe regente D. Pedro I em disputa com as Juntas Portuguesas nas províncias, com rebeliões populares em várias delas, o príncipe regente grita pela Independência do Brasil.
Emancipação definitiva: o imperador D. Pedro I, em 5 de dezembro de 1822, confirma a carta assinada por seu pai cerca de dois anos antes, ratificando Sergipe d’El Rey como província emancipada da Bahia. A partir daí, de fato houve uma ruptura importante, mesmo que política, com um governador próprio.
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